Aviação

Treinamento de Manobras

A importância do treinamento de manobras. Isto pode lhe salvar!

Eu sempre gostei de ir “um pouco” além do comum, do normal, do convencional. Não sou um radical, nem um ás! Mas ir um pouco além do normal... pode lhe salvar!

E o que é ir um pouco além do normal?


Quando meu pai comprou um Fusquinha – 1966 – verde, um carro pequeno, mas de comportamento totalmente diferente do “Aero-Willys 1960” que tinhamos antes. Eu vi que tinha de conhecer o comportamento do carro. 
Fiz algumas derrapadas com ele, percebi que ele fazia curvas, principalmente em baixa velocidade, muito mais rápido que o Aero. Meu pai não conseguia acompanhar. Eu tinha 17 anos.

Anos depois, por algumas vezes em estrada eu precisei fazer curvas como um piloto de corrida, pois tinha entrado nas mesmas com velocidade superior ao que deveria. Sempre consegui sair, graças ao treinamento com o Fusquinha.

Note que não estou recomendando ninguém a tentar extrapolar os limites da segurança. Só estou dizendo que se eu não tivesse um treinamento de “Fusca” em curvas com derrapagem, eu talvez não estivesse aqui hoje.

Com a aviação as situações são mais críticas, pois como não há acostamento e você não pode andar sempre a 60 ou 80 km/h, acontecem situações em que a “destreza” simplesmente pode ser o divisor de águas entre o não acidente e o acidente. Eu acompanhei acidentes com Ultraleves em 2008 e 2009 (mais de 20) e sei que a falta de treinamento foi causa de alguns.

Vou ilustrar com um pouso forçado que aconteceu comigo há um ano.

Eu tenho por hábito, quando estou em vôo solo, praticar: curvas de alta inclinação, estóis sem e com motor, pousos de emergência, mergulhos em curva após estol, coordenações. Sempre faço isto sozinho (a menos que alguém me peça), com o avião leve e em condições de emergência fáceis, isto é, sobre o aeródromo.

Um dia tive uma pane na decolagem, a 200 pés de altura!!! A pane foi decorrente de duas condições: o motor estava aprox. 7 graus mais adiantado do que devia e a Petrobras mudou a relação de álcool na gasolina automotiva de 25% para 20%. Eu uso a Podium!

Isto provocou “pre-ignição” na decolagem, que eu só percebi quando já tinha “decolado”!

A altura não deu para voltar a pista, pois havia uma pequena mata entre eu e ela! 

Em seguida o motor “CALOU”. A 200 pés de altura. A minha única possibilidade estava a uns 120 graus a direita, um pasto. O que fiz? Joguei o avião para baixo curvando a direita. O avião ganhou velocidade, mas eu consegui fazer a curva sem estolar! Bem próximo do solo, no pasto, acionei totalmente os flapes e esperei que o avião chegasse no pré-estol. Tocou o solo uma, duas vezes e acionei os freios cabrando total! Resultado: avião no pasto e as vacas olhando!

Quem viu pensou que eu havia estolado ao fazer a curva.

Refletindo tempos após eu vi que aquela curva com descendente iniciada aos 200 pés de altura, foi uma consequência direta da prática que faço, ao conhecer a dinâmica do meu Ultraleve.

Continuarei sempre me exercitando, sem exceder os limites da aeronave!

Abraços a todos.

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