Fotografia


FOTOGRAFIA DE RUA: A ALMA DOS 

DISTRAÍDOS


A fotografia de rua capta basicamente o que há de mais comum: os pequenos momentos. Os pormenores do cotidiano, aqueles a que ninguém dá muita confiança, nem se lembra, muito menos se importa. Uma mulher pensativa com sua sacola de compras a atravessar a rua, um casal de jovens a olhar uma vitrine, amigos que se encontram nas esquinas. Apenas detalhes.
Há pessoas que passam a vida toda ao nosso lado e não conseguem perceber nossa essência, muito menos a essência de certas particularidades. Porque não percebem esses detalhes, essenciais detalhes. Não captam, não intuem. Não vêem a gravidade ou a beleza das coisas se elas não estiverem evidentes. Por outro lado, há pessoas, nem tão próximas de nós, que conseguem observar estes detalhes de algum nosso momento, conseguem captar a alma de algumas nossas circunstâncias, de alguns lugares, das coisas, das horas. E o fazem por não estarem distraídos nas expressões, nos olhares e nos modos de andar alheios. E o fazem porque gostam dos outros a ponto de os outros não os aborrecerem de tédio quando estão a praticar as atividades mais comuns.


 É a chamada fotografia de rua, um método um tanto despretensioso, mas original por causa da espontaneidade das fotos. Sem composições padronizadas, se criam imagens a partir do quase nada. Tudo o que se tem é o que se vê. E é excitante justamente porque é algo que não podemos controlar, como o movimento, os ângulos ou a luz. Talvez seja o método em que mais se precisa da velha e boa intuição. Ou devo dizer talento?





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